Escrever é viver duas vezes um bom Momento.
Antonio C Almeida
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O sangue tingia uma vareta que se encontrava encravada ao solo, ao lado de uma árvore (jequitibá de três mil anos) com a cor vermelha. Do chão até sua extremidade percebia-se que a vareta media seus cinquenta centímetros de comprimento. Jogado a cinco metros da vareta estava o corpo de um homem, vestido com poucos trapos. Sua barriga cortada deixava a vista suas entranhas. Um círculo de sangue tomava a pequena vegetação rasteira.

Raquel se ajoelhou ao lado da vareta. Colocou luvas e começou a olhar atentamente o local do crime. Na parte superior da vareta encontrava-se fincada a cabeça decepada do corpo encontrado. Na boca um bilhete escrito em uma língua desconhecida: Iedereen die dit leest brief je weet dat je vervloekt om de aarde te zwerven als een vrouw. verkracht en steeds de moordenaar van al zijn beulen voor de eeuwigheid. Uma mão tocou o ombro de Raquel, tratava-se de Rogério, seu amigo e companheiro em várias investigações:

- Basta Raquel, agora são dois mortos e não conseguimos chegar a lugar nenhum. Nós somos da Delegacia de Costumes, o caso é da delegacia de homicídios!

- É verdade, melhor passarmos para a de homicídios, mas o caso é muito curioso.

Ao chegar a sua delegacia, Raquel, começou a separar o que tinha sobre o caso. Reunindo fotos percebeu que o local do primeiro crime tinha a mesma aparência do segundo. O mesmo bilhete, com a mesma mensagem, na boca da cabeça decepada. Entretanto nada disto importava mais, afinal o assunto era homicídio.

O dia passou rápido e chegara a hora de voltar para casa. Rogério a convidou para um jantar, em um novo restaurante do outro lado da cidade, foi aceito de imediato – morando só, ela, não perdia a oportunidade de receber favores que facilitassem a sua vida. Vestida com a roupa de trabalho se encontrou com Rogério e foram para o restaurante.

Chegando ao restaurante o carro foi deixado em um estacionamento rotativo. Na entrada via-se uma fachada decorada de pedras de ardósia com longas janelas de vidro. Tinha uma grande porta semiaberta como a convidar o cliente. Esferas de vidro decoravam o teto do interior do restaurante, como estrelas no firmamento. Quadros espalhados pelas paredes revelavam imagens de passagens de grandes histórias humanas.

O casal entrou no restaurante. Raquel reclamava por não ter sido avisada do luxo do estabelecimento e assim poder ter usado uma roupa mais apropriada, mas, mesmo constrangida, seguiu para uma mesa encostada em uma parede do restaurante.

Sentaram-se à mesa e ficaram aguardando o garçom. Raquel olhava por todos os cantos do restaurante, maravilhada com a beleza. De súbito Rogério pode perceber uma mudança radical na face de Raquel:

- O que foi? Parece assustada.

- Olhe para aquele quadro.

O quadro retratava um pé de jequitibá, à sua frente uma estaca fincada tendo em sua extremidade a cabeça de um homem. A cena dos crimes retratada em um quadro assustou a ambos que trataram de chamar o garçom.

- Que quadro é este? – Perguntava Raquel, visivelmente assustada.

- De tanto me perguntarem eu gravei a história, mas não sei se é verdade. Há uns trezentos anos um homem estuprou uma jovem e foi linchado por outros três homens. O linchamento foi tão cruel que um pintor Holandês que estava pelas redondezas na época resolveu pintar um quadro sobre o ocorrido.

O casal se levantou do restaurante e voltaram para o carro. Os olhares não negavam a surpresa dos fatos. O carro começou a andar, mas a noite não foi como desejavam. Rogério olhou para Raquel deixando sua mão cair sobre a sua perna:

- O que é isto?

- Bem, depois deste acontecimento poderíamos fazer algo agradável para compensar. – Raquel olhou com olhar de ódio recriminando, rejeitando aquela proposta. Mas não foi o suficiente, repentinamente o carro parou e Raquel se viu abusada, estuprada e logo depois deixada em frente à sua casa. Subiu os andares até o seu apartamento, entrou no chuveiro e começou a chorar. Rapidamente colocou um vestido.

Rogério chegou a frente à sua casa. Não acreditava no que havia ocorrido. Algo o tomou e o levou a agir com tamanha brutalidade. Resolveu ir até um bar próximo de sua casa e começou a beber. Em apenas poucos copos perdera a noção da hora e sentiu que deveria ir para casa. Caminhando em desequilíbrio chegou à frente de sua casa. Colocou a chave na fechadura e antes que a abrisse sentiu uma forte pancada na cabeça.

Seus olhos se abriram lentamente. A sua frente um pé de jequitibá, suas mão estavam amarradas e seu corpo escorado em uma estaca. Uma sensação chegou-lhe rapidamente. Parecia que uma lamina fria percorria sua garganta.

O telefone tocava insistentemente. Raquel caiu da cama chegando ao chão. Ao atender ao telefone recebeu uma notícia assustadora.

Seguindo a orientação de seu Delegado ela chegou ao local do crime. De longe pode ver a cabeça na ponta de uma estaca. Caminhou lentamente e ao se aproximar viu a cabeça de Rogério.

Todos ao retornarem a delegacia estavam assustados com o que ocorrera. Raquel sentou em sua mesa. Pegou a carta que achara na boca de Rogério, olhou bem a escrita: Iedereen die dit leest brief je weet dat je vervloekt om de aarde te zwerven als een vrouw. verkracht en steeds de moordenaar van al zijn beulen voor de eeuwigheid. Lembrando-se do comentário do garçom sobre o pintor Holandês, ela pegou um programa de tradução, sem saber se estava certa, tentou traduzir o que estava no documento e para sua surpresa conseguiu ler a seguinte mensagem: Quem ler esta carta saberá que está amaldiçoado a vagar na terra como uma mulher. Sendo estuprada por seus carrascos e presa para pagar decentemente por seu crime.

Todos da delegacia se voltaram para Raquel. O Delegado caminhou lentamente em sua direção. Próximo ele jogou um cartão que fora encontrado pela Delegacia de Homicídios no local do crime e considerado como um cartão pertencente ao suspeito, com o seguinte texto: “Inspetora Raquel”.

Fim...
 


    
    
      
Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 30/01/2014
Alterado em 19/02/2014
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