Escrever é viver duas vezes um bom Momento.
Antonio C Almeida
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Textos
      - Aonde você vai comprar o carro?
      - No Rafael.
      - O irmão da Raquel? Aquela que não saía do seu pé no ensino médio? - Risos ...
      - Sim, aquela que eu só falava amanhã talvez. - Risos ...
      - Hoje não?
      - Não, amanhã talvez. Ele esta pedindo cinco mil naquela lata velha dele. Um FIAT UNO preto batido ano 2000. Só quero para ir a faculdade.
      - Então chegue para comprar o carro com dois mil no bolso esquerdo, quinhentos no bolso direito e o restante do dinheiro, o que completa os cinco mil, no bolso esquerdo atrás. No bolso direito atrás da calça você deixa a carteira apenas com vinte reais. Oferece dois mil e mostre a ele, caso não aceite peque os quinhentos do bolso direito e junte tudo e oferece.       Se mesmo assim não aceitar, pegue a sua carteira e coloque todo o dinheiro dentro e vá embora, mas não esqueça de mostrar bem, dentro da carteira, os vinte reais.
      - Ok!
...

      A chuva cortava a madrugada. Mesmo com o limpador de para-brisa ligado a fúria da tempestade impedia a visão da pista, que parecia "ensaboada". Passava das dez horas da noite e após um longo dia Rogério ansiava chegar em casa.  Nada dera certo na faculdade, após uma longa prova sobrara apenas a preocupação de notas baixas.
      Em pista de faixa dupla, os faróis de carros que seguiam em direção contraria ofuscavam os olhos, tudo parecia conspirar contra naquela noite.
      A chuva batia forte no rosto. Da boca um líquido denso e quente descia pelo queixo e se juntava as gotas de chuva. Luzes circundavam o carro de Rogério e ao seu corpo. Lentamente o que sobrou de fatos possíveis de lembrar foram chegando.
      Ao seu lado a fumaça tomava seu carro, contorcido e cortado como a uma lata de sardinha mal se percebi o que era amassado antigo do carro e o que acabara de amassar. Do outro lado um carro de socorro dos bombeiros deixava a noite mais agitada. Quatro homens uniformizados rondavam a área. Dois destes pegaram uma maca e se aproximaram de Rogério. Tocaram seu peito apalpando e perguntando o que sentia.
Toda a dor do mundo chegara de uma vez ao seu corpo. Sua perna mostrava a tíbia exposta, fragmentada. Uma dor intensa na costela deixava claro as fraturas. O sangue que saia de sua boca clareava o diagnóstico de perfuração dos pulmões.
      Rapidamente Rogério foi jogado na maca. Imobilizado e colocado na ambulância onde foi-lhe aplicado os primeiros socorros.  Uma máscara foi colocada em seu rosto. Uma injeção foi preparada e lentamente Rogério sentiu a agulha entrar e sair de seu corpo e seus olhos foram ficando pesados até perder completamente os sentidos.
 
COMPRANDO O CARRO
 
      Rogério ligou para Rafael que ficou aguardando-o fora de sua casa. Logo Rogério chegou e segui as instruções de seu amigo até o momento que colocou todo o dinheiro em sua carteira e caminhou para o ponto de ônibus, até que escutou um grito. Próximo ao carro, Rafael acenava dando consentimento na venda, na casa uma bela figura se escondia utilizando uma fina cortina.
...

      Paredes brancas, luminárias que apareciam a cada quatro segundos. Um forte cheiro de éter tomava o ambiente. Uma voz suave chegava-lhe ao ouvido como o doce som da vida: -  Hoje não ... Amanhã, talvez.
      O corpo todo dolorido, pouco podia mexer a cabeça. A sensação de formigamento tomava as suas pernas. Uma suave picada de agulha lhe chamou a atenção para uma bela enfermeira de nome Maxine, que falava-lhe suavemente: - Ainda não é hora de acordar, amanhã talvez.
Os olhos cansados, abria-se lentamente enquanto procuravam pela figura que tanto o acalmara. O quarto estava vazio, apenas tubos e algumas flores e bem ao lado um livro: - O Livro do Amanhã.
      Cansado, porém curioso, Rogério começa a ler o livro que o leva a universo de beleza, - afinal nada restava a fazer se não esta distração - requinte e paixão: - "Tâmara Goodwin sempre teve tudo o que quis e nunca precisou pensar no amanhã. Contudo, de repente, seu mundo vira de cabeça para baixo e ela precisa trocar sua confortável vida da metrópole por uma cidadezinha do interior. Assim, Tâmara logo se sente solitária e louca para voltar para casa.
      Então, uma biblioteca itinerante chega ao vilarejo, trazendo junto um misterioso livro de couro trancado com uma fivela dourada e um cadeado. O que Tâmara descobre ao longo de suas páginas a deixa surpresa. E tudo começa a mudar das maneiras mais inesperadas possíveis... Será possível mudar o amanhã?"
       Marcondes, amigo que lhe orientara na compra do carro, entra e se apavora com as condições do amigo. Caminha lentamente até chegar ao seu lado. Procura uma cadeira, a encosta do lado da cama de Rogério e antes que iniciasse uma conversa observa um CD caído no chão. Estica a mão e leva o CD até os olhos de Rogério. Escrito como capa o título do conteúdo: "Amanhã Talvez" - Uma música da década de 80, cantada por Joanna.
      Alguns dias se passaram, Rogério vivendo a sua angústia, dos presentes sem remetente, das tantas frases ardentes, tanto do livro quanto da música, o seu telefone toca:
      - Sim!
      - Rogério aqui é o Rafael, eu me sinto culpado por deixar você levar um carro que não tinha nenhuma segurança. O mínimo que posso fazer é providenciar um transporte para você em sua alta do hospital. Minha irmã, Raquel, irá pegá-lo em sua alta.
      O assunto se esgotou e Rogério deixou o telefone de lado, pegou no sono esquecendo as preocupações. Afinal só mais um dia lhe separava de voltar a sua rotina.
      A luz do dia tomava o quarto. Uma cadeira de rodas fora encostada do lado da cama. Rogério estava em condições de caminhar, mas por norma teria que seguir sentado na cadeira até a porta da frente. Enfermeiros aguardavam até que ele se vestisse. Após colocar a calça percebeu que no bolso de traz das calças não se encontrava mais os dois mil reais e em sua carteira não estava os vinte reais. Não se incomodou, pois o tempo que passou desacordado foi o suficiente para que subtraíssem os valores. Mas restava-lhe o livro e o CD que o acompanhou durante a sua internação.
      Rogério foi levado para fora do quarto sentado na cadeira de rodas, do lado de fora uma mulher alta, elegante, vestindo um terno feminino de cor azul escuro o aguardava. Um sapato de salto alto ressaltava sua altura e deixava o seu belo corpo mais alinhado e sedutor, complementado com um decote saliente. Rogério olhou a bela figura e lhe sobressaiu um nome: - Maxine!
      Maxine começou a empurrar a cadeira de rodas de Rogério em direção à saída do hospital. No percurso enfermeiros, médicos e funcionários a cumprimentava carinhosamente. Não restava dúvidas de que ela trabalhava no hospital. Rogério tentou falar algo, puxar conversa, mas só encontrava o silêncio. Antes da saída do Hospital um médico deixou claro a profissão de Maxine: - Te espero mais tarde Doutora.
      A luz do sol perturbava os olhos de Rogério. Distante ele pôde ver um carro que aparentemente o esperava. Maxine o levou até o lado do carro e o ajudou a entrar.
      Acomodado no carro Rogério ficou procurando Raquel, mas quem entrou e sentou como motorista foi Maxine:
      - Doutora Maxine onde está Raquel - Maxine não falou nada, apenas tirou um envelope do bolso e entregou a Rogério, que ao abrir encontrou dois mil e vinte reais.
      Assustado, por ver o retorno de seu dinheiro, perguntou sobre Raquel e recebeu sua resposta:
      - Meu nome é Raquel Maxine ...
      - Necessitamos nos falar! - Com os olhos cheios de água, rosto vermelho, voz embargada, deixou bem claro a sua total descompostura e a necessidade de receber uma resposta.
      - Amanhã Talvez ...

Fim ...
 


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Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 01/06/2015
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