Escrever é viver duas vezes um bom Momento.
Antonio C Almeida
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NEM TODOS OS HOMENS SÃO IGUAIS
 
    O quarto, ainda escuro, se encontrava desarrumado. A luz da manhã de um novo dia entrava pelas frestas das persianas. Lentamente Rogério abre os olhos. Observa o relógio que marcava 07h00min. Sua preguiça o fazia tentar mergulhar novamente em sono, mas a necessidade de levantar tomava a sua mente. Levantou lentamente e pôde observar todo o cenário, que ainda se encontrava marcado por uma presença no meio da madrugada. Em sua mente ainda se confundia a realidade com sonhos. Uma sombra apareceu no momento que foi ao banheiro na noite. Ao acender a luz do banheiro ela apareceu e se apresentou como um vulto feminino. Deslocou-se rapidamente desaparecendo na sala escura. Atordoado, incrédulo, Rogerio caminhou pela sala tropeçando nos móveis até chegar a um interruptor, acendeu a luz e por alguns instantes aquela sombra fixou-se em seus olhos, como se seus olhos estivessem se acostumando com a luz a imagem se formou e desapareceu.
    Rogério foi ao banheiro e lavou o rosto. Procurou voltar à realidade e continuar em sua rotina. Colocou a sua roupa de trabalho e caminhou para porta de saída de sua casa. No chão, no caminho até a porta, ele encontrou um livro caído. Olhou atentamente para o livro. Ficou confuso a procura de uma resposta para seu aparecimento e lembrou que na madrugada esbarrara em sua estante e provavelmente o livro caíra.  Ele pegou o livro e caminhou para estante. Olhou o título para colocá-lo dentro de sua organização.
   Os Homens São Todos Iguais de Helen Bianchin era o título do livro e a autora, que não combinava com nenhum dos seus livros guardados, que em maioria, de autoria de Frederick Forsyth. Cães de Guerra, Sem Perdão, O Pastor, O Quarto Protocolo, Ícone e finalmente o livro O Dia Do Chacal, marcava o local que deveria colocar o livro, devido sua organização em ordem alfabética, mas antes ele olhou a primeira página e lá encontrou o motivo para o mistério do livro que não se enquadrava aos livros que costumava ler. Um recado, pequeno escrito em uma bela letra de mulher, se achama em início de leitura, como a um desenho: - “Para Rogério de Fabiana Hellen”. Uma vontade louca chegou como desejo, de levar o livro que recebera de uma antiga namorada para o trabalho, mesmo sabendo que fora um livro de despedida. Impulsivamente o colocou no bolso, afinal com todos os eventos da noite anterior algum enigma poderia se seguir e ser resolvido, então, acompanhado do livro, saiu para o trabalho.

    O hospital estava como de comum, cheio, Rogério colocou seu jaleco, seu estetoscópio no pescoço e foi à sala dos médicos. Olhando os prontuários se preparava para iniciar seu dia quando escutou um comentário entre colegas:
    - Tem uma mulher no quarto 33 que chegou com sensação de calor, lacrimejando, com aumento de salivação e suores, contrações das pupilas e estranhamente entrou em coma na madrugada, seu nome é Fabiana Hellen.
    Rogério começou a suar frio, olhou para os colegas que retribuíram com um olhar assustado, parou a conversa dos colegas com uma pergunta:
   - Ela vinha de um jantar? – A resposta foi de imediato: - Sim...
    Rogério correu para o quarto 33, seguido de seus colegas, entrou no quarto e perguntou se as fezes da paciente ainda se encontravam na lixeira, na resposta afirmativa ele começou a revirar o lixo até encontrar o que desejava, procurou algo em meio aos dejetos da paciente - todos os seus colegas observavam incrédulos, repentinamente parou de procurar e começou a determinar procedimentos:
    - Rápido! Lavagem gástrica, antropina, hidratação - Ninguém compreendia, mas obedeciam as determinações do médico, até que Rogério preencheu seu laudo e tudo ficou claro: “Síndrome de Muscarínica, intoxicação alimentar por Cogumelo Inocybe ou Clitocybe, a investigar.
    Rogério deixou a paciente com seu médico e iniciou a sua rotina, agora completamente apavorado com os fatos até o momento. O dia se seguia normalmente e então uma colega chama a sua atenção: - Ela acordou.
     Rogério caminhou pelos corredores acreditando que o mistério seria solucionado. Mas em parte, pois não compreendia o que seria aquela sombra em sua casa, o fato do livro que se apresentara como a lhe chamar a atenção e ter o conhecimento exato para o problema da paciente, pois, como fora seu namorado, sabia de sua alergia a determinado Cogumelo.
    Ele entra no quarto 33, agora convicto que recebera uma mensagem para salvar a vida de um grande amor que abandonara e que agora poderia reatar, mas ao olhar a paciente na cama uma pessoa jovem e carinhosa acariciava a sua mão.
    - Rogério! – Imediatamente Fabiana reconhecia o seu salvador e no mesmo momento apresentava o homem que a consolava: - Este é meu marido, Lucas.
     Rogério se aproximou da cama. Falou de sua alegria pela sua recuperação, tirou o livro do bolso e esticou-o para Fabiana, que falou:
    - O livro que te entreguei! Os Homens São Todos Iguais. Você leu o que escrevi na última página? - Rogério ficou confuso e foi até a última página e lá estava escrito: “Mas você não é”. Rogério esticou a mão com intuito de devolver o livro. Fabiana balançou a cabeça negativamente, explicou que recebera o livro de presente, logo ao desatar o namoro com ele,  de uma pessoa que acreditava no título e queria a consolar. Fabiana apontou para um canto no quarto.
    Uma mulher linda, olhava, escutava, acompanhava tudo que acontecia, era a irmã gêmea de Fabiana, Raquel. Rogério foi até o canto do quarto e esticou a mão para entregar o livro, Raquel comentou:
    - O que se passa o que esta acontecendo? – Rogério respondeu:
    - Nem todos os homens são iguais...
    Fim...
 
Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 30/10/2016
Alterado em 01/11/2016
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