Minha mulher minha vida
Já era dia,
O vento batia forte à janela e eu sem pressa dormia,
Mery levantou bem cedo,
Como é de seu jeito,
Arrumou a mesa,
Com a certeza de ter-me em sua beleza.
Linda,
Como é singela,
Em leves passos passa os cômodos,
Para não me dar nenhum incomodo.
A janela batia,
Mas eu dormia em uma madrugada fria,
Sem ela,
Fora ganhar o pão de cada dia,
Para saciar quem dorme,
Mas chora.
Sem trabalho,
Sem história,
Levado nas costas de quem implora,
Ter um pouco de gloria,
Deste homem que perde,
A cada dia,
Um dia.
Que dia,
Minha amante logo chega
Senta-se a mesa de Mary,
Preparada com cuidado,
Nesta se sacia,
Acompanhada com seu fardo,
Amante de um dia,
Bom dia.
Não demora, o corpo sangra,
Pela dor da dama,
Que sozinha luta,
Na disputa mais bruta,
Nestes costumes da vida,
De esconder a ferida,
As dores, os gozos,
Mascara bandida.
Olho pela janela,
Tão belo é o dia,
Que não pede seu cansaço,
Que não te quer como escravo,
Apenas lhe serve do prazer,
De sê-lo belo,
Por sê-lo,
E tê-lo em gloria,
Pois te domina,
Dia.
É tarde e Mary logo chega,
Escurece sem tê-la,
Quem sabe por um breve sábio momento,
Fez-se de dama para uma serva,
Que se entrega a um macho que clama,
Amar está bela dama.
Em meu leito espero,
Não desespero, pois, sou amante e amado,
Mesmo que carregando este fardo,
De olhar para o lado,
Para que está que me serve se sirva,
De um amor maldito,
Sem futuro,
Escondido no muro,
Ou em uma cama sem nome,
Sangra,
Chora,
Não sei talvez ame como uma loba.
Dúvida cruel,
Sem saber se é fardo ou mel,
Que lhe faz sorrir,
Que lhe faz sofrer,
Pela dúvida do destino,
Por saber que em seu ninho,
Ainda dorme,
Quem por ela sofre,
Sem sofrer.
Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 28/04/2009
Alterado em 25/07/2009