Escrever é viver duas vezes um bom Momento.
Antonio C Almeida
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                                                 Divina Loucura


          Rogério acorda, levanta para ir ao trabalho. Entra em um ônibus lotado e após alguns minutos de viagem percebe que dois homens cercam o motorista, outro homem encosta no trocador. Rogério observa atento enquanto um  homem começa a recolher o dinheiro dos passageiros e o dele. Foi tudo muito rápido e Rogério chega ao serviço. Seu chefe grita irritado, ninguém sabe pelo o que. O tempo passa e Rogério volta para casa. Pega uma garrafa de vinho, liga a TV e fica pensando sobre o seu próximo dia. O telefone toca, Rogério atende rapidamente, pois, a partir do identificador de chamadas percebe,  se tratava de Márcia, uma colega desempregada e desesperada, Rogério deita no sofá e adormece.
          Uma batida forte à porta acorda Rogério, que cai do sofá e assustado, com o coração a mil, se levanta. Ele olha para o relógio e percebe que este marcava duas horas da manhã. Aguarda, como a esperar que o toque na porta fosse apenas parte de um sonho, entretanto voltam a bater e com mais força e intensidade.
          Rogério caminha até a porta temeroso, lentamente segue em sua direção. Observa através do olho mágico e não vê nada. A batida se repete então Rogério compreende que quem batia estava fora do alcance do olho mágico. Rogério abre a porta e percebe uma mulher deitada. O rosto da mulher estava coberto de sangue.
         A mulher deitada à frente da porta da casa de Rogério  pedia desesperadamente para que Rogério a deixasse entrar. Por alguns minutos Rogério fica estático, sem noção do que faria e então ele fecha a porta. Do lado de fora a mulher continua a bater, mas Rogério se coloca em um canto da sala assustado esperando que tudo se acabe, mas não acaba. Repentinamente Rogério percebe que a mulher para de bater na porta. Um barulho que lhe parecia um socar continuo se inicia. Rogério sente que a mulher estava sendo surrada. Ela gemia e pedia para que o agressor parasse. Rogério volta ao olho mágico e vê um homem de meia idade levantando e descendo o braço de punho cerrado, violentamente alvejando várias vezes a mulher. Rogério pega o telefone e liga para a polícia. Grita para que o agressor escute a sua denúncia. Então ele percebeu que o homem correra. Rogério abre a porta e puxa a mulher para dentro. Após alguns minutos chega a polícia, Rogério conta o ocorrido. O corpo de Rogério estava coberto de sangue da mulher. A sua porta de entrada banhada em sangue gerara uma trilha que entrava em sua casa. Os policiais olharam Rogério, o algemaram. Chamaram uma ambulância e a mulher foi recolhida a um hospital. Rogério foi levado à delegacia e autuado em fragrante por agressão.
          No final da tarde Rogério foi solto, um Advogado, defensor público, conseguiu esclarecer o ocorrido. A mulher, vítima da agressão fora liberada do hospital e inocentado Rogério. O agressor, marido da vitima, detido. Entretanto a mulher se negava a denunciar o marido. Rogério foi para casa.
          Chegando em casa Rogério foi recebido pelos olhares de suspeita de seus vizinhos. Em sua secretária eletrônica constava um recado de seu trabalho. Escutando o recado Rogério corre para o trabalho a fim de informar o motivo de sua falta. No trabalho, após alguns minutos de conversa com seu chefe Rogério é informado de que deveria ficar em casa a fim de resolver o problema. 
           Assustado, desgostoso com da vida Rogério chega em casa. Rogério ao olhar a caixa de correio observa um envelope, se tratava de uma ordem de despejo. Na vizinhança todos acreditavam que ele era o culpado. Em primeiro lugar por não atender a mulher no primeiro instante que ela batera e em segundo lugar por ser cúmplice do ocorrido. Na visão de todos Rogério era um mal a ser colocado para fora da comunidade. 
          Passa-se alguns dias e Rogério fora dispensado de seu trabalhou, todos na vizinhança o agrediam diariamente.
         Rogério cansado, perturbado pelo ambiente hostil resolve tomar um banho. Enquanto Rogério se banha toca a campainha. Rogério se enrola na toalha e vai até a porta atender, a toalha se solta, tão preocupado com seus dias de agonia abre a porta. O carteiro que lhe entregaria a correspondência se assusta e corre pelo corredor, Rogério o segue gritando. Os vizinhos abrem a porta de suas casas e rapidamente fecham. Então Rogério percebe que estava nu e volta correndo para sua casa. Rogério se veste a fim de resolver o problema da entrega, quando sai para a rua, seus vizinhos, o olham de cabeça baixa, Envergonhados. Rogério que passara todos estes dias sendo insultado estranha as atitudes repentinas e escuta um comentário: - Ele ficou louco. No rosto de Rogério abre-se um grande sorriso.
          Rogério ao voltar para a sua casa, ao passar pelos corredores retira o seu tênis e pendura as meias na orelha, da mesma forma do momento em que saira os vizinhos ao avistá-lo fechavam as portas e se escondiam, Rogério ficou eufórico.
          Rogério estava atolado em dívidas, por muitos anos procurava trocar de carro para impressionar a vizinhança e na verdade deixava o seu carro na garagem por não ter condições de colocar gasolina. Mantinha-se no emprego para preservar as aparências. Rogério parou para pensar por alguns minutos e saiu de casa.
          No final do dia Rogério chega em casa com os documentos de venda do carro. Chateado começa a olhar pela janela. De frente para com seu apartamento existia uma escola de ensino médio e supletivo. Após alguns minutos Rogério traça um plano.
           Passa-se três dias e Rogério começa a executar seus planos. Colocou uma barraca de cachorro quente em frente a sua casa. Recrutou uma colega desempregada para o ajudar e iniciou seu negócio, seus vizinhos o olhavam descrente, mas ele era louco e loucura pouca é bobagem. Passado seis meses Rogério estava seguro em seu estabelecimento, conversara com Márcia, que até então era sua funcionária, mas agora se tornara sua sócia e companheira. Os vizinhos começavam a olhá-lo com ar de inveja e outros tentavam se aproximar. Então Rogério percebeu que deveria tomar uma atitude. Pela manhã Rogério ao sair para pegar o jornal deixou que todos os vizinhos o vissem completamente nu, aparentemente retornara a idéia de sua loucura. Quando Rogério saiu de casa para resolver problemas de sua pequena lanchonete, o negócio se ampliou até se transformar em lanchonete, uma vizinha caminhou até a casa de Rogério a fim de tirar satisfações com Márcia. Tocou a campainha e então Márcia atendeu.
          - Sim?
          - Desculpe incomodar, mas você sabia que seu marido é louco.
         Márcia ao ouvir informou que para ela ele era completamente são, se virou e perguntou: - Você viu o meu cachorrinho. De imediato a vizinha respondeu que não, então Márcia começou a latir pelos corredores, balançando o traseiro. A vizinha correu para o apartamento no mesmo instante que Rogério chegava. Márcia olhou para Rogério e lhe presenteou com um belo sorriso. Ambos entraram na casa e se podia escutar no momento em que fechavam a porta o Forte latido de Márcia e o Uivo de Rogério.
           Fim.


              
 
Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 04/10/2011
Alterado em 23/04/2021
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