Escrever é viver duas vezes um bom Momento.
Antonio C Almeida
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                       Nem Tudo É Sexo



     As ondas me jogavam para todos os lados. Ora estava no fundo da água em apneia, ora estava sobre a água sendo arrastado entre carros e árvores. A minha perna bateu fortemente em uma carroceria de caminhão e foi arrancada. O sangue se misturava com a água. Estava perdendo a consciência.


     A noite estava muito quente. Moradores e turistas disputavam as mesas e cadeiras de um quiosque à beira da praia. Raquel estava exuberante. Cabelos molhados, corpo suado e moldado em um belo biquine. Noites sem fio me imaginava amando aquela mulher.
     A noite estava iluminada por uma bela Lua Cheia. Em nossos copos apenas água muito gelada e vários cubos de gelo. Raquel me olhou sorridente enquanto despejava o conteúdo de seu copo em seu corpo. Que linda mulher.
     Estrondo sônico. Quando o ar em fluxo supersônico é comprimido, sua pressão e densidade aumentam, formando uma onda de choque. Raquel me observou aparentando preocupação. Mais um Estrondo sônico. Raquel levantou e observou o céu. Engenheira aeronáutica, trabalhando na  área de estudo complexo que envolve o estudo de projeto de aeronaves, manutenção, certificação de aeronavegabilidade e áreas científicas, Raquel deixou seu copo cair e começou a procurar algo no espaço. Estrondo sônico, Raquel abriu aquela linda boca quando viu um objeto rasgando o ar. Crescendo a medida que se aproximava. Com o formato de uma gota de fogo, em uma velocidade incalculável o objeto passou sob nossas cabeças e se dirigiu ao mar.
     Raquel segurou a minha mão e começou a correr. Senti aquela mão tocar a minha me deixando excitado. Nós estávamos  hospedados em um hotel próximo à orla marítima. Outras pessoas que se encontravam na praia começaram a pular e dançar acreditando que tudo não passava de outra atração turística. Raquel passou direto de nosso apartamento. Ela gritava é recife. Eu não compreendia muito, mas a segui até a quarta rua, onde existiam prédios com restaurantes no último andar. Observava aquele belo corpo à minha frente. Tivemos alguma dificuldade de entrar, mas entramos e começamos a subir de elevador.
     Um barulho estrondoso. Raquel começou a chorar. Eu não compreendia e a abraçava tentando consolá-la e apertava seus peitos contra o meu. Chegamos ao restaurante. Todos no estabelecimento estavam apavorados. Na TV  apenas estática. Efeito Cherenkov, falava Raquel. Eu sem compreender me deixei ser empurrado para a sacada do restaurante e ai eu pude visualizar tudo que Raquel falava em teoria. Me apertei nas costas de Raquel. O oceano recuou transformando a praia em um grande deserto. Ao longe a lua deixava-nos perceber uma pequena onda que aos poucos crescia e avançava. Pessoas, como se fossem formigas, corriam para dentro da cidade. A onda se aproximou, chegou próxima a praia e adentrou na cidade. Os prédios em frente ao oceano receberam toda a força da água. Compreendi então o que Raquel chamou de recife. Os primeiros prédios se curvaram e caíram sobre os que se encontravam na outra rua. Raquel segurou o meu braço e me levou para dentro do banheiro do restaurante:
     - Estamos mortos Rogério – Entre lágrimas Raquel  me informava –  Rogério, fomos atingidos por um meteorito! - Olhei para Raquel, assustado, ainda sem entender, sentindo nosso prédio balançar.
     - Rogério foi bom te conhecer. Eu acredito que agora é melhor rezarmos. Vamos tentar aproveitar estes últimos minutos para nos entregarmos ao nosso Senhor. - Observei as atitudes de Raquel e lhe sugeri.
     - É claro Raquel, mas eu acho que ainda temos tempo para uma rapidinha. – Raquel me olhou com cara de bronca. Sua cabeça se virou como se estivesse possuída por um demônio. Lentamente ela foi recobrando a calma. Me olhou meigamente e me falou:
     - Você está certo Rogério. Mas antes vamos dar uma olhada pela sacada.
    Voltamos ao restaurante. A TV voltara a funcionar e passava as informações que Raquel deduzira. O mundo não ia se acabar, mas os estragos seriam imensos. Chegamos a sacada e observamos que o prédio que estávamos tinha sido tomado pelas águas até o décimo andar. Raquel se escorou no parapeito da sacada do restaurante. Fiquei ao seu lado. Raquel me olhou e abriu um sorriso. Passou a mão em minhas costas e falou ao meu ouvido:
     - Toma a sua rapidinha! – Raquel me empurrou prédio abaixo.

    As ondas me jogavam para todos os lados. Ora estava no fundo da água em apneia, ora estava sobre a água sendo arrastado entre carros e árvores...





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Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 29/10/2012
Alterado em 29/10/2012
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