Escrever é viver duas vezes um bom Momento.
Antonio C Almeida
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Matar ou Morrer

 
       Três horas da manhã e Rogério se levanta assustado. Ao seu lado ele percebe Raquel levada em um sono profundo deixando os seus cabelos negros se espalharem pelo travesseiro. Rogério percebe o seu rosto banhado em suor. Suas mãos tremulas apertavam  o lençol de seda.
         Ele se levantou e caminhou até a cozinha. Abriu a geladeira e tomou um copo com água. Caminhou até a cama, esfregou o seu rosto com toda força enquanto se lembrava de um sonho que o levara ao desespero.
       “Malas jogadas na calçada. Sua casa recuperada pelo banco. Seu carro guinchado, seu casamento arruinado e seus filhos partindo em um aceno. Por apenas uma palavra de seu chefe e tudo estava acabado. Rogério corre pela rua e chegando a um viaduto lança seu corpo para uma morte certa.”
       Rogério se deitou, olhou à sua volta. Tudo estava no lugar, por um instante se deixou levar pelo momento e adormeceu.
       Um ruído acorda Rogério, ele sente uma mão atormentá-lo e uma voz anunciar: - Levanta é hora de você ir para o trabalho. – Raquel alertava, quase implorava para que o dia se iniciasse dentro do que a rotina determinava. Rogério se levanta, toma um banho, se veste e beija sua amada. Procura sua mala e sai para o trabalho.
       Oito horas da manhã, a porta se abre e se inicia um novo dia de trabalho em um escritório de representação comercial. Os telefones tocam, uma secretária corre pelo pequeno andar e chega até o Diretor setorial. A filial exigia a realocação de empregados. O Diretor sabia que seu futuro e de todos naquela agencia estava em saber colocar a pessoa certa no lugar certo.
       Dois Gerentes se afastaram. Foram contratados por outra firma e à sua frente, como funcionário experiente a ser promovido estava Rogério. Mas este era justamente quem não poderia ficar na condição de Gerente. Todas as suas ideias, projetos, prêmios chegara a partir das ideias que tomava de Rogério e ele como Gerente poderia se comunicar com a filial, então sua única saída era demitir Rogério e promover um incompetente. O Diretor pega um jornal e procura ler para se acalmar e se fixa na manchete:
    “Na noite de sábado, no Motel Irene, um corpo foi encontrado em pedaços. O quarto banhado em sangue não escondia a mente psicopata que cometera tamanha brutalidade...”.
       A manchete parecia se repetir. Na semana anterior um crime idêntico chocara a sociedade. Tanta brutalidade sem sentido. Huggo, Diretor, pega o seu celular. Liga para a sua esposa e pede para falar com o filho. Passasse alguns minutos e ele se despede, disca outro número, acerta alguns detalhes e sai do escritório avisando que só voltaria após o almoço.
      Huggo entra em seu carro. Dirige até chegar em uma esquina. Uma bela mulher entra e se aproxima para um beijo, mas Huggo rejeita e segue com seu carro até um motel. Estaciona o carro em um quarto com garagem. Entra no quarto e senta na cama:
       - O que foi Huggo? – Perguntava Márcia enquanto arrumava os seus longos cabelos ruivos.
       - É o que eu vinha te falando todo este mês. Eu vou ter que demitir o meu melhor vendedor, pois não quero promovê-lo a Gerente. Isto vai ser muito desagradável, mais amanhã ele será demitido.
       - Demite logo, você tem que garantir o seu emprego!
      - Só que amanhã é terça-feira e o dia bom para se demitir é sexta-feira. Eu tenho que esperar, mas não pode passar de quinta-feira.
      Huggo olhou para Márcia e abriu um longo sorriso. Abraçou a sua amante ao mesmo tempo em que agradecia pela sua compreensão. Continuou a relatar os seus problemas. As horas se passaram e eles voltaram para o carro. Huggo a deixou em uma esquina e voltou para o trabalho. Ao chegar cumprimentou seus funcionários e se aproximou de Rogério:
    - Então Rogério, como vai os relatórios. Eu tenho que apresentar a firma! Você tem até quarta-feira. – Rogério olhou para o seu chefe com olhar em constrangimento.
       - Claro senhor Huggo, não passa de quarta-feira.
       Huggo chamou Rogério para um canto isolado do escritório e o informou que mudanças estavam para chegar e entre elas seria a demissão de funcionários. Rogério escutou atentamente. Ficou escorado em uma parede enquanto o seu chefe se afastava.
 
       Quarta-feira
 
       - Onde está os relatórios Rogério?
       - Estão todos organizados, mas fechei com mais oito clientes e só poderei entregar para o senhor na segunda-feira.
       - Segunda! Tudo bem, mas não passa de segunda-feira!
     Huggo ficou apavorado, ligou para a família procurando se acalmar. Ligou para a sua amante e foi ao seu encontro.
Chegando em casa Huggo abraçou o seu filho, beijou a sua esposa e sentado à mesa para jantar a informou que estaria fora em viajem no fim de semana.
 
       Segunda-feira
 
      Rogério estava em seu trabalho, à sua frente se encontrava todos os relatórios de fechamento. Duas pessoas entraram à procura de um responsável. Huggo ainda não chegara, Rogério se apresentou e foi informado de que o corpo de Huggo fora encontrado na madrugada de sábado.
   Rogério ficou assustado, os investigadores tiveram que acalma-lo. Seus colegas de trabalho o seguraram antes que ele caísse. Exigiram que ele tomasse as rédeas da empresa para garantir os seus trabalhos. Rogério entrou na sala do Diretor e ligou para a filial. Apresentou-se como Gerente.
 
       Dois Meses se Passaram
 
      Raquel se levantou, logo após Rogério. Ela o abraçava, sorria e beijava. Devido à sua promoção à Diretor, Rogério, se dava ao luxo de organizar os seus horários. Sua esposa estava exuberante, seu marido não tinha mais os rotineiros pesadelos. Rogério caminhou até o banheiro, abriu uma gaveta da penteadeira à procura de creme-dental e encontrou uma peruca ruiva:
      - Raquel o que esta peruca ruiva está fazendo aqui? – Raquel da cozinha escutou Rogério, se assustou e caminhou para o banheiro, em sua mão ela carregava uma faca. Ao entrar pela porta do banheiro Rogério a viu pelo espelho, se virou gritando: - O que faz com esta faca?
 
      Noite da morte do Diretor
 
     Huggo entrou no quarto de motel. A sua amante mandou que ele se despisse e deitasse na cama. Ela amarrou as mãos de Huggo o informando de que aquela noite seria especial. Huggo ficou amarrado na cama, rindo e falando sobre a vida enquanto Márcia se preparava no banheiro.
     Márcia saiu do banheiro empunhando uma faca. Huggo ficou apavorado enquanto Márcia pulava em seu corpo e estocava a faca dilacerando a sua pele, outra pessoa entrou no quarto levando Huggo ao desespero. Seu corpo foi mutilado, seu sangue espalhado pelo quarto.
 
     Rogério se virou, pegou a peruca e estendeu para Raquel repetindo exaustivamente:
       - O que esta peruca faz aqui!
       - Eu apenas esqueci, eu vou jogá-la no lixo.
       - Jogá-la no lixo? Aqui tem sangue de três pessoas, queime.
       Fim...


(Sugestão para leitura)


          
Morra, Mas Morra Lentamente                             Nada além que Amor
Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 18/02/2013
Alterado em 11/03/2013
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