Escrever é viver duas vezes um bom Momento.
Antonio C Almeida
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                                                           O Abduzido
       
    - O que fiz para receber tanta dor!
Em um canto de sua casa Rogério chorava, desesperadamente. Ao seu lado Raquel esbanjava lágrimas, enquanto se apoiava no ombro de seu marido.
   Passava de oito meses e Leandro, filho do casal, fora considerado caso arquivado. Seu filho, um garoto de oito anos, estava sem paradeiro.
Como todos os sábados, o filho do casal brincava com os seus colegas, próximo à sua casa. Naquele sábado, dia de seu desaparecimento, corria pelas Ruas do Bairro onde morava, até que ao entrar em uma Rua sem saída, simplesmente desapareceu.
   Após buscas exaustivas a Polícia deu como encerrada a possibilidade de encontrá-lo. Raquel e Rogério, extremamente exaustos, entristecidos, se colocaram a disposição da polícia em caso da necessidade de qualquer informação. Entretanto Rogério não se conformara.

     Passa-se dois anos.

    Rogério se encontrava em seu apartamento, um conjugado repleto de poeira. Sentado à frente de um computador procurava informações sobre pessoas desaparecidas.
    Roupas jogadas em um velho estofado, uma cama de solteiro com o lençol sujo, empoeirado; no canto sobre uma mesa um abajur, próximo a ele uma escrivaninha onde ficava um computador, o espaço em que Rogério se escondia em sua agonia na busca de informações mostrava que morria a cada dia de sua busca. Sobre uma mesinha de cabeceira se encontrava um sinal que refletia o sentimento de afinidade familiar. Uma foto com ele, seu filho desaparecido e sua esposa Raquel ficara virada frente a cama como uma lembrança distante de momentos sempre presentes na mente de quem tenta dormir.
    Rogério trabalhava em um supermercado. No final da tarde procurava um bar para beber após o expediente. Então voltava para a solidão de seu apartamento onde procurava respostas para o seu enigma, seu filho Leandro.
   Manhã de segunda-feira, Rogério se levanta, procura uma roupa para ir ao trabalho, caminha até chegar frente à porta de saída de sua casa, debaixo da porta um papel chamava-lhe a atenção:
"Rio de Janeiro. Menor de sete anos se perde em supermercado. Elena caminhava pelo supermercado PEQUENOPREÇO, quando, ao deixar por segundos de segurar a mão de seu filho percebeu que ele desaparecera.”
   Rogério leu a notícia e ficou intrigado, logo lhe veio à imagem de seu filho. Sem se deter muito ao acontecido voltou para a sua rotina. Oito horas da noite, Rogério volta para casa após um longo dia de trabalho e algumas bebidas. Ao entrar em casa percebe um papel colocado em sua casa por baixo da porta, da mesma forma do papel que encontrara pela manhã:
    “São Paulo, Marcos Técio, 39 anos, foi dado como desaparecido por familiares. Ao sair do trabalho, Marcos, acompanhado por sua esposa, se dirigiu de mãos dadas para a estação de metrô próximo a sua casa. Ao chegarem à estação, prontos para entrar na condução, foram separados pelo grupo de pessoas que desembarcavam, Sueli, sua esposa, aguardou por alguns minutos, entretanto Marcos não apareceu mais.” 
    Rogério, apesar de ficar curioso sobre as notícias colocadas por baixo de sua porta, voltou para sua rotina diária. Caminhou até o seu computador, ligou e procurou notícias para se atualizar. Ao entrar em seu servidor de E-mail percebeu um novo com a seguinte palavra: - Arrebatamento.
    Passaram-se dois dias e Rogério se esquecera do assunto. Caminhava tranquilo pela Rua em direção ao seu trabalho. Entrou em um ônibus e sentou, ao seu lado sentou-se uma bela mulher que lhe chamou a atenção pelo seu belo corpo e rosto, conteve-se como de costume, ao se encontrar em situações parecidas e seguiu viagem com aquela bela imagem ao lado. Faltando alguns pontos para ele descer a mulher se levantou, o olhou e lhe entregou um cartão. Rogério ficou entusiasmado, observou com toda a atenção o cartão enquanto aquela bela mulher, de olhar amendoado - O canto externo do olho é levemente elevado, tem formato de amêndoas -  descia do ônibus. Olhou o cartão e nele estava escrito: ”JAVÉ”, Rogério ficou perturbado, jogou o cartão fora e seguiu com seu dia.
    Manhã de quinta-feira, Rogério levantou para o trabalho. Percebeu que novamente haviam colocado dois documentos por baixo de sua porta, um cartão e uma carta, a carta dizia:
   "Patrícia, mãe de dois filhos. Rafael moura parou de procurar a sua esposa. Conta-se que ela arrumou outro homem e fugiu para outra vida...”
Rogério não deu muita atenção à notícia, mas o cartão que acompanhava o chamou a atenção: - Arrebatamento, Jeová. Seguia então uma instrução: - Você me encontrou no ônibus, de imediato Amei você, ligue para o número no cartão. Rogério ficou eufórico, mas existia uma dúvida em sua mente. Pegou uma bíblia que se encontrava empoeirada em uma gaveta, começou a ler. Horas se passaram enquanto Rogério lia e então ele chegou às lágrimas. Rogério pegou no sono.
   Rogério acordou, os últimos acontecimentos chegaram-lhe à mente,  eufórico não se conteve e procurou seu telefone, ligou para o número que se encontrava no cartão. Uma voz doce e suave atendeu e logo o convidou para um encontro, naquele mesmo dia, em um local muito agradável, a uma hora da tarde. Rogério saiu imediatamente, Márcia, aquela linda mulher que encontrara, acertara um encontro e faltava apenas trinta minutos. Rogério resolveu tirar meia hora de seu tempo para desvendar este mistério, afinal ela tinha muito que lhe explicar, provavelmente sobre todos os recados e aquela mulher era simplesmente um sonho.
   Rogério chega ao local do encontro e vê aquela mulher inesquecível sentada como a o aguardar. Uma conversa deliciosa se segue. Márcia fala sofre religião, Rogério, que lera sobre o assunto domina o ambiente. Márcia olha carinhosamente o rosto de Rogério, radiante e bonito, e lhe fala: - Você já está preparado para mim, eu sempre te amei e agora muito mais. Márcia segura a mão de Rogério, ambos caminham pela rua, até que Márcia lança um olhar malicioso para Rogério e o leva a um beco isolado.
   Uma luz envolve Márcia. Toma o corpo de Rogério.

   No dia seguinte, em um jornal local:

   "Correio do Povo: Brasília. Rogério Dorneles, funcionário do supermercado TemdeTudoEMais é dado como desaparecido. Sua Ex-esposa, Sr Raquel após ..."

Fim.
 


    
    
       
Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 08/11/2010
Alterado em 10/08/2014
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