Escrever é viver duas vezes um bom Momento.
Antonio C Almeida
SOMOS TODOS POETAS
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Textos
      Aos dezessete anos de idade levantou em uma manhã de domingo. Olhou pela janela e observou a vida passando.  No rádio legião urbana, entre seus discos Rolling Stones. Pegou a bolacha e colocou na vitrola. Tentou cantarolar acompanhando a letra em tradução: - Eu não consigo me satisfazer. Eu não consigo me satisfazer. Pois eu tento e eu tento e eu tento e eu tento. Eu não consigo, Eu não consigo - Ah, mas ele sabia que nos próximos anos nada que aconteceria teria muito haver com satisfação.
     Saiu para a rua cumprimentando os amigos. A cada aperto de mão uma vontade danada de superar a quem lhe supera. Em pequenas coisas que se tornavam imensas para o pequeno mundo que se resumia à escola, amigos e família. Uma azeitona poderia significar uma intolerante discussão até chegar a uma violenta briga. Mas todos eram amigos e como diria seu ídolo - “Sempre precisei de um pouco de atenção”. Afinal todos conheciam as mesmas meninas e respeitavam os que transformavam uma amizade ingênua em namoro, quando na frente do amigo. Então por que não serem apenas imagens em pensamento as tantas discórdias frutos de sensações que ninguém compreendia. Tolas e tolas, ou não, de adolescentes.
     A tarde passava e o coração apertava. Diante de uma sociedade tão certinha, com os que nasceram em berço de ouro, de prata, de bronze e o de lata pouco restava se não servir a pátria num só tom – “Nossas meninas estão longe daqui, não temos por quem chorar e nem pra onde ir, me lembro quando era só brincadeira, fingir ser soldados a tarde inteira”.
    Num momento segundo um flerte com o futuro, “Quem dera talvez quem sabe, livrar-me desta idade e chegar ao final de tudo logo no início. Quando em triunfo chego como jogador de futebol, ganhador da loteria, músico famoso ou outro modo qualquer de não enfrentar a realidade da seleção nada natural da máquina de fazer recheio de linguiça das mentes financeiramente não tão privilegiadas”.
     Com seus dezessete anos de idade não teve contato com as grades, seguiu uma estrada segura. De nada adiantou os sonhos, fantasias ilustradas em revistas. Os passeios, viagens, namoros, esportes para a sua sorte sobreviveram em imagens fixadas em fotos. Que denotam que nada do que passou foi e não será para o que resta-lhe de realidade. Pois do outro lado da vida figura uma sina de que todos querem tudo, então alguém tem que ficar com o nada - "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã... Eu moro com meus pais... Sou uma gota de água, sou um grão de areia... Você culpa seus pais por tudo... São crianças como você, o que você vai ser quando você crescer".
     Fim

    
          
Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 03/06/2013
Alterado em 20/01/2021
Comentários