Presença Maligna
Um toque forte na porta foi o suficiente para acordar Rogério que assustado pula da cama. Espera alguns segundos até que escuta novamente baterem em sua porta. Esgotado, devido a uma noite mal dormida, caminha até a porta e a abre. Uma senhora nos seus sessenta anos, olhos baixos, cansados, lhe estende a mão. Nela continha um bilhete, que foi entregue a Rogério.
Rogério o segura e tenta conversar com a estranha figura que, sem pronunciar uma palavra, se vira e se afasta da casa de Rogério. De frente a porta de sua casa ele observa a senhora caminhar lentamente até chegar próxima a estrada que passava frente a sua casa. A senhora vira a cabeça lentamente e mexe com a boca parecendo querer pronunciar uma frase. Rogério tenta compreender, se esforça e percebe que o movimento dos lábios indicavam as palavras: “Não se esqueça”. Um caminhão em alta velocidade começou a se aproximar. De frente a porta de sua casa Rogério começou a gritar insistentemente para que a senhora tomasse cuidado, não adiantou, no instante em que o caminhão passou em alta velocidade, a senhora tentou atravessar a rua e foi atropelada. Seu corpo foi lançado ao ar, tendo a cabeça arrancada e parando a frente de Rogério. Rogério ficou apavorado, deixou seu corpo cair e se viu ajoelhado em frente a cabeça. Seu olhar fixo para aquela visão macabra deslumbrou em espanto ao ver movimentos lentos dos lábios da cabeça decepada e uma voz chegou-lhe ao ouvido: - Não se esqueça: - Deus! - Rogério suava, seu corpo tremia. Rolou da cama até cair no chão e então perceber que tudo fora um sonho. Um som forte chegava da porta. Batidas que se repetiam o fizeram caminhar até chegar à sua frente. Um frio corria-lhe pelo corpo. Bruscamente ele a abriu: - Que isso Rogério? Você está pálido – Raquel, do outro lado da porta, questionava Rogério.
- Desculpe Raquel, entra.
Raquel entrou, abraçou Rogério e o empurrou até chegar na cozinha, estendeu-lhe a mão e lhe mostrou duas passagens – Rogério e Raquel iriam se casar e as passagens os levariam para a sua lua de mel -, Rogério sorriu para Raquel:
- Você conseguiu meu amor.
- Sim, quando estava para entrar eu vi este envelope na frente de sua casa. Estranhei por ele está sem remetente, mas o trouxe. Como remetente está escrito: “Não se esqueça”.
Rogério pegou o envelope, o abriu e começou uma leitura silenciosa: “Nos próximos anos você terá uma vida feliz, depois disto sua mulher gerará uma criança que irá governar o mundo até o momento que o destruirá, apenas não se casando com Raquel que se resolverá este designo e assim você conseguirá equilibrar a sua vida...”. Rogério terminou de ler todo o bilhete, olhou assustado para Raquel. Ambos escutaram um bater forte na porta. Raquel foi atender, recebeu a visita e a acompanhou até a cozinha onde se encontrava Rogério. Ao ver quem se aproximava Rogério desmaiou.
A tarde estava ensolarada. A igreja aberta mostrava a imensidão de pessoas que se amontoavam a espera da noiva. No altar Rogério conversava com seu amigo que aceitara ser o padrinho:
- Depois desta história, como você conseguiu chegar até aqui?
- Quando olhei a mulher que entrou, eu desvendei todo o mistério. Ela era idêntica à mulher de meu sonho.
- Agora eu compreendi!
- Exato amigo, o negócio veio do inverno para seguir a sua sina. Ainda bem que resolvi tudo e posso seguir a minha vida.
- Verdade caro amigo, até mesmo do inferno quer se intrometer.
- Ainda bem que a irmã dela é a cara dela.
- Verdade, o ultimo noivo de Raquel a atropelou com um caminhão e está preso.
- E nem assim ela não deixa de perturbar...
- Sogra Maldita!
Fé na vida, Fé no Homem, Fé no que virá.
(Gonzaguinha)