Escrever é viver duas vezes um bom Momento.
Antonio C Almeida
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Textos

 
 
                              “O nosso cérebro, é, na realidade, uma máquina
                               fabulosa que consegue efetuar qualquer coisa
                               como alguns muitos milhões de operações por
                                         segundo (…). Mas não tenhamos ilusões, (…)
                                         a essência do nosso ser não é apenas algo
                                         produzido por umas moléculas, por uns
                                         átomos, existe algo mais.”

                                         Manuel Domingos
                               (Presidente da Sociedade Portuguesa de Neuropsicologia)
 
 
 
 
    (...) Boom!
   Um estrondo tomou os tímpanos de Rogério. Um líquido quente começou a percorrer o seu rosto. Seu corpo caiu na calçada. Procurou forças para se levantar, conseguiu ficar de joelhos e quando se preparava para correr mais cinco estrondos se romperam naquela manhã. Aos poucos Rogério sentia uma dor forte tomar o seu corpo e uma sensação de queimação surgia de sua cabeça, peito e pernas. Passaram alguns minutos para que Rogério começasse a sentir um frio intenso. À sua volta algumas pessoas se aglomeravam. Uma viatura do SAMU parou e colocou Rogério em uma maca o preparando para uma viagem aparentemente sem volta. Dentro da viatura o seu corpo entrava em colapso. Uma injeção foi aplicada em seu braço, colocado soro. O sangue se espalhava se juntando a outros que coagulados se instalara nas frestas do veículo de socorro, que não estava tomado do cheiro de morte por estar assumido pelo odor de éter. Fezes e urina saiam espontaneamente, tremor involuntário prenunciou a chegada da viatura no hospital. Deitado na maca Rogério escutou quando o médico do SAMU explica o ocorrido para o Médico do atendimento de emergência do Hospital: - Seis tiros, sendo um na cabeça, mas o que você deve mesmo se preocupar é com um tiro que ele tomou nas costas, que acertou o coração quase o inutilizando.
   A maca ia entrando no hospital. O policial de plantão na emergência balançava a cabeça indicando sua falta de esperança diante do corpo que passava. Seus gestos chegavam acompanhados de uma frase: - Ele poderia ficar caído, fingindo de morto, mas resolveu correr para se salvar.
   “Quando o corpo para de funcionar e é declarada a morte, o cérebro ainda percorre um caminho de no máximo cinco segundos, aonde vai se desligando e, para alguns especialistas, é neste momento em que as imagens de uma passagem para outra dimensão surgem, como um mecanismo apaziguador, uma preparação para o fim que se aproxima, talvez, assim como tantas funções que o cérebro acumula e não compreendemos em sua totalidade, esteja ele empacotando uma encomenda de grande valor e a enviando.”
   Rogério acordou apavorado. Uma sala cercada de aparelhos de precisão estava tomada por pessoas em trajes brandos. Ao perceberem a sua volta à consciência um médico à sua frente, que segurava um aparelho de resuscitação, se afastou. Rogério inspirou fundo, sentiu o gosto de sangue em sua boca e faleceu.
   Rogério acordou assustado, ao seu lado Raquel o sacudia. Seu corpo estava tomado pelo suor. Raquel o olhava assustada, perguntando o que ocorrera. Após o relato do pesadelo, Rogério o terminou informando que tudo começara com uma ligação de Marcelo, seu sócio na empresa que administrava. O casal foi para cozinha, se serviram de água e voltaram para a cama a fim de continuar em seu sono. O relógio marcava três horas da manhã.
   Sete horas da manhã, Rogério se levanta para ir ao trabalho. Raquel estava na cozinha preparando um desjejum. O telefone de Rogério toca:
   - Rogério, aqui é o Marcelo, bom dia! Eu não poderei ir ao trabalho pela manhã, encontro você no restaurante onde costumamos almoçar, tenho boas notícias.
   Rogério olhou assustado para Raquel. Relatou a conversa que tivera.  Raquel o alertou sobre o pesadelo – nada de incomum, Raquel era muito supersticiosa, acreditava em acontecimentos simultâneos. Um pássaro na janela poderia mudar todo o seu dia.
   Após tomar o seu café Rogério fez uma pausa para ler o jornal. Uma estranha notícia deteve a sua leitura: - “Assaltos a pequenas empresas assolam a cidade”. Rapidamente ele pegou o jornal e colocou em sua maleta. Raquel reclamou, pois ela lia algumas reportagens antes de ir para o trabalho. Entretanto Rogério se apressou em beijá-la e ir em direção à rua para entrar em seu carro. Olhou para o espelho retrovisor, limpou o suor de sua testa e abriu um grande sorriso, seu celular toca:
   - Rogério aqui é a sua mãe, eu preciso de você nesta manhã. – Rogério conseguiu adiar o encontro inesperado com sua mãe, acertando para a tarde, mas algo o assustava, sua mãe não falara com ele há alguns dias.
   Dentro do carro Rogério liga o Rádio – ele gostava de escutar as notícias do dia – uma estação falava sobre os problemas enfrentados pelas empresas administradas por sociedades. Aborrecido por um dia de tantas bobagens ele coloca em uma estação de música. Sua agonia se prolongava a se ver metido em um congestionamento. Ao seu lado um motorista reclamava de tudo e de todos, gritando que num dia como aqueles melhor seria não levantar da cama.
   Chegando próximo ao trabalho ele procurou sua vaga na garagem. Estacionou seu carro e caminho para a entrada do prédio, olhou em sua volta e não viu nada de suspeito, pensava: “Ufa, que loucura”. Sorria para si mesmo, parou frente à porta do prédio e um funcionário veio lhe atender.
   (...) Boom!
  Um estrondo tomou os tímpanos de Rogério. Um líquido quente começou a percorrer o seu rosto. Seu corpo caiu na calçada. Procurou forças para se levantar, mas parou e se fez de morto. Não demorou muito e uma viatura do SAMU chegou e o levou para o hospital.
   Raquel entrou apavorada no hospital. Depois de ser atendida na recepção aguardou informações. Chorava compulsivamente até perceber que ao seu lado se sentara Marcelo:
   - Como ele está? Meu deus, o que poderia ter acontecido?
  - Marcelo, pelo que eu sei, ele esta morto. - Marcelo demonstrou todo o seu espanto. Levantou, desejou sorte. Raquel pediu para que Marcelo a ajudasse, levando um pacote para o correio, ela justificou que não teria tempo para levar, Marcelo pegou o pacote e, informando que deveria ir até o trabalho rapidamente, se retirou.
   Um médico se aproximou de Raquel. Depois de alguns minutos, garantiu que seu marido sobreviveria. Raquel ficou aliviada, se despediu do médico e correu para fora do hospital, deixando o médico parado sem compreender o que acontecia.
  Marcelo seguia pela estrada, seu rosto se abria em longas gargalhadas. Sua euforia era tanta que ele resolveu parar em um quiosque para comprar um vinho. Comprou o vinho e voltou para o carro. Ao entrar viu o pacote de Raquel. Começou a olhar com mais cuidado e percebeu que o pacote estava endereçado para ele. Abriu o pacote e encontrou uma carta e outro pacote. Ao ler a carta não compreendeu muito. A carta continha o seguinte texto: - Ele sonhou na madrugada de hoje e eu sonhei a uma semana. - Marcelo ficou ainda mais intrigado e começou a abrir o outro pacote.
   (...) Boom!
   Uma explosão destruiu o carro de Marcelo. Separou sua cabeça do corpo lançando-a para o ar. Depois de girar várias vezes caiu sobre o carro de um motorista que passava. O motorista saiu lentamente de seu carro, foi até o capô e pegou a cabeça de Marcelo pelos cabelos a girando até olhá-la nos olhos: - Eu não poderia perder isso. – Falava mansamente Raquel.
   Fim

 









          
                                             

                          

         

Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 25/08/2013
Alterado em 27/08/2013
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